“É um inferno”: as assustadoras escolas de reforma para mulheres na Arábia Saudita
Apresentados oficialmente como locais de reabilitação, os "Dar Al-Re'aya" assemelham-se, na verdade, a centros de detenção. Centenas de jovens estão presas ali, cujo único crime é ter desafiado a autoridade do marido ou do pai, ou ter fugido de um lar violento. Abusos são comuns nessas instalações, de acordo com depoimentos coletados pelo jornal britânico "The Guardian".
Na primeira foto [que ilustra um artigo do jornal saudita Al-Watan publicado em 2013], uma jovem vestida com uma abaya preta está perigosamente empoleirada no parapeito de uma janela no segundo andar de uma casa em uma cidade no noroeste da Arábia Saudita. Em uma segunda foto, um grupo de homens usa um guindaste para baixá-la.
A identidade desta mulher permanece um mistério. Acredita-se que ela esteja detida nas famosas "prisões" da Arábia Saudita, para onde mulheres são enviadas por suas famílias ou maridos por desobedecerem ordens, terem casos extraconjugais ou estarem ausentes de casa.
Essas fotografias oferecem um raro vislumbre da condição de centenas, se não milhares, de meninas e jovens mulheres que se acredita estarem detidas nesses centros, onde são “reabilitadas” para serem devolvidas às suas famílias.
Falar publicamente ou divulgar imagens desses "lares", ou Dar Al-Re'aya ["casa de repouso" em árabe], tornou-se impossível em um país onde as defensoras dos direitos das mulheres foram silenciadas. No entanto, nos últimos seis meses, o Guardian reuniu depoimentos que documentam a realidade dessas instituições descritas como "infernais" , onde ocorrem flagelações semanais e onde toda a população é mantida em cativeiro.
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Courrier International
